Neste momento, o iPad e o iPhone são os alvos a abater em muita blogosfera. A ideia é a de que a Apple não conseguirá competir com o Android pelo facto de que este é "código livre", e que isto permite a muitas empresas construtoras de telemóveis um sistema operativo que seja quase igual ao iOS, mas mais barato, numa corrida ao "fundo" do mercado, sem margens de lucro, onde o consumidor irá ganhar (e a Apple, grande inimiga do consumidor, perderá), emulando o que se passou na década de 90 nos PCs.
No entanto, a analogia é péssima, por várias razões:
Primeiro, porque a Apple neste momento não é a Apple dos anos noventa, guiada por vendedores de refrigerantes (Sculley), ao invés de pessoas com visões mais criativas e originais.
Segundo, porque a Apple, nos anos noventa, já tinha processado todas as empresas que usaram o "look and feel" do macintosh e todas recuaram excepto a Microsoft que depois conquistou o mercado dos "pc IBM-DOS compatible". Neste momento existem várias propostas ao nível dos sistemas operativos de telemóveis e nenhuma vai monopolizar mercado algum.
Terceiro, a monopolização de um sistema operativo nos telemóveis é irrelevante para a adopção de outro sistema, já que ao contrário nos PCs, ninguém se vê obrigado a comprar um iPhone por só funcionar com outros iPhones. Ao contrário do mercado original de PCs, o mercado de telemóveis é extraordinariamente compatível entre si, facilitando a concorrência, e não a estagnação numa solução "popular".
Quarto, o Android não é nenhum Windows. Ninguém pode processar uma empresa por usar e modificar o Android como quiser sem pedir autorizações. É este o grande ponto de venda do Android, mas tal como o recente escândalo no qual a Google forçou a Motorola a abandonar o serviço de localização Skyhook em favor do seu próprio mostra, o termo "Open Source" deve ser lido com pronúncia Orwelliana. E o que havemos de pensar quando a intelligentsia da Engadget vê o regresso do Windows Phone 7 series como uma benesse ao mercado que acalme a Google nesta demonstração recente de "maldades"? É um mundo virado ao contrário...
Quinto, a existência de vários sistemas operativos garante que a concorrência fazer-se-á pelos atributos normais dentro de um mercado, e não por mecanismos monopolistas que garantiram um sucesso à sombra das bananeiras a empresas vulgares e sem gosto. Neste tipo de mercados, a Apple não terá problemas em competir.
Como evidência do que digo, basta-me mostrar este gráfico que mostra tão bem a diferença entre produzir um único aparelho, concentrar todos os investimentos de design, investigação, software, publicidade, etc. no mesmo e garantir que a marca simbolize o termo "Qualidade", e a estratégia de vender centenas de aparelhos com designs medianos, softwares ligeiramente diferentes e publicidades diversas, com um esvaziamento das marcas como resultado...:

Conclusão óbvia: Apple is Doomed.
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